Após promessa de rentabilidade, servidora pede empréstimo e fica com dívida de R$ 50 mil

Advogado disse que modo de operação da empresa é o mesmo usado em outras capitais brasileiras - Foto: Reprodução

Após promessa de rentabilidade, servidora pede empréstimo e fica com dívida de R$ 50 mil

Por Redação

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“Desespero total”, foi como uma servidora pública do RN relata a experiência do que seria um golpe aplicado por uma empresa que prometia ganhos mensais a ela após repassar cerca de R$ 19 mil obtidos por meio de empréstimo bancário para o investimento. Atualmente, a dívida supera os R$ 50 mil. O número de contato não atende telefonemas, nos serviços de busca a empresa consta como “permanentemente fechada” e o site institucional está fora do ar. Em outras capitais brasileiras como Boa Vista (RR), Manaus (AM) e Belém (PA), pessoas na mesma situação já reclamam de golpes de empresas com o mesmo modo de operação e uma pessoa em comum como sócia destas empresas. Ninguém se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Viviane Dantas*, servidora pública, recebeu, em 2021, uma ligação de uma funcionária do Lotus Grupo Corporate, uma empresa cuja sede ficava na Avenida Rui Barbosa, em Nova Descoberta, na Zona Sul de Natal. Na chamada telefônica recebeu a promessa de ganhos de um por cento ao mês e orientada a pegar um empréstimo consignado no valor de R$ 19 mil. Em seguida, repassou o valor integral à empresa em questão. Ela contou à reportagem que teria as parcelas do empréstimo reembolsadas com um acréscimo de um por cento prometido.

Durante oito meses, mesmo com alguns atrasos, ela não teve problemas. Até chegar outubro deste ano. “Não me pagaram e eu comecei a ligar para o estabelecimento e para a vendedora que me fez a proposta. Não consegui contato com ninguém. Sumiram do mapa. O telefone não toca. E no Google mostra que o estabelecimento está fechado permanentemente. Eu estou com a dívida com o banco e tenho que ficar pagando o empréstimo que eles se comprometeram a pagar e sumiram. Este golpe foi aplicado em Manaus, em Belém e eu estava vendo que pessoas foram enganadas e fizeram denúncia”, desabafou.

Foi então que ela entendeu que poderia ser mais uma vítima. Procurou um advogado que, em poucos minutos, encontrou relatos parecidos em outras cidades do Brasil, três delas na região norte: Belém, Boa Vista e Manaus. “Já tinham vítimas que estavam semanifestando publicamente. Seja em reportagens ou em sites de reclamação”, afirmou Gabriel Bulhões, advogado criminalista que cuida do caso.

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Segundo o criminalista, a empresa tinha uma estrutura sofisticada e apresentava pessoas bem vestidas e articuladas, passando credibilidade. “Dá para ver que é uma quadrilha articulada, que tem know-how neste tipo de golpe e certamente deve ter vitimado inúmeras pessoas em Natal. O que vimos nessas outras cidades é que há um volume altíssimo de vítimas.O modus operandi que identificamos em outras partes do Brasil, onde essa empresa também atuava, muito possivelmente, até pelo investimento que se tem nessa estrutura física dessa empresa fantasma aqui em Natal, eles devem ter aplicado esse golpe em muitas pessoas”, explicou.

Com os juros, as parcelas restantes dos R$ 19 mil tomados por empréstimo superam os R$ 50 mil; mais do que duas vezes e meia o valor inicial. “Desespero total. A sensação é de desespero total. Eu fiquei apavorada. Mexe com a renda da pessoa, a pessoa não está preparada. A proposta seria para eu ser beneficiada e não prejudicada. A enganada fui eu. O banco não tem nada a ver. A questão agora é que vou ter que pagar. Vou reduzir muitas coisas e o padrão de vida vai ser prejudicado”, adiantou Viviane.

Segundo Bulhões, várias outras empresas com um nome em comum no quadro societário foram identificadas. Por meio de uma consulta na internet, as empresas das quatro cidades citadas nesta reportagem foram abertas entre fevereiro de 2020 e setembro do ano passado. O advogado aponta que o vazamento de dados foi crucial para que a vítima fosse alcançada pelos supostos golpistas. “Hoje um dos maiores
desafios que a gente tem é o tratamento de dados. E após a LGPD não conseguimos resolver este problema. Há uma lacuna que o direito ainda não conseguiu resolver”, indicou.

Ele aponta que a existência do Open Source Intelligence (OSINT), utilizado pelas forças de segurança pública e também por empresas, pode colaborar para vazamento de dados e facilitar ações de criminosos. Ele aponta que vazamentos de informações são considerados crimes, mas o fato de acessar dados vazados, não. “Os criminosos, hoje, tanto quanto a polícia, Ministério Público e advocacia, têm acesso a dados vastos sobre todos nós que usamos a internet. De uma forma ou de outra precisa ter um auxílio da lei”, afirmou.

A reportagem buscou contato com a Lotus Business Corporation, mas os telefones disponibilizados não estão ativos e o site institucional da empresa está fora do ar. Em uma rede social, a empresa emitiu três comunicados. Em um deles, apontou que “medidas necessárias para a solução imediata no intuito de honrar seus compromissos”. Em outro comunicado direcionado ao público de Manaus, afirma que a empresa encerrou as atividades e deve migrar para outra empresa com as mesmas cláusulas contratuais. No entanto, nenhuma comunicação específica para Natal. (*nome fictício para preservar a identidade da vítima).

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Via AgoraRN