“Facilidades que o cidadão tem, o crime também tem”, diz advogado sobre migração do crime organizado ao digital

Gabriel: “Criminosos têm acesso aos dados das vítimas antes mesmo de fazer contato” - Foto: Reprodução

Especialista aponta que criminosos têm acesso aos dados das vítimas antes de abordá-las e que perfil de vítimas nem sempre depende de familiaridade com tecnologias

 

Por Douglas Lemos

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Entre os países mais digitalizados do mundo, em junho deste ano o Brasil já tinha 447 milhões de dispositivos digitais – considerando computadores, notebooks, tablets e smartphones –, uma média de dois dispositivos por habitante, segundo o Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGVcia). Somente smartphones, são 242 milhões, mais de um por habitante, uma vez que o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) estima a população nacional em 213 milhões de habitantes. Se nos últimos anos o brasileiro passou a usar a internet até para compras, o que muita gente ainda não está preparada é para outra migração ao digital: o crime organizado.

Para Gabriel Bulhões, advogado criminalista, essa tendência de mudança de modo de operação tem a ver com o avanço da internet. “Existem várias razões de porquê o crime está migrando. Todo mundo tem acesso a celular, e-mail, internet banking. Amplia o campo de atuação da criminalidade. Se para os advogados e outros comerciantes os meios digitais excluíram a limitação territorial geográfica, para o crime também. Uma quadrilha do interior do Rio Grande do Sul pode aplicar golpes aqui em Natal. A gente pode dizer que as facilidades que o cidadão comum tem, o crime também tem”, observou.

Outro ponto a ser abordado é que o modus operandi usa estratégias para dificultar investigações pelo poder público e não se exporem. “Eles não precisam estar com drogas e armas, que são facilmente identificados pela polícia e são vistos como uma vulnerabilidade pelo crime. Em comparação com o tráfico de drogas, o assalto a banco, elas podem ser facilmente estruturadas para os criminosos”, compara.

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Um levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apontou que no primeiro semestre de 2021 houve um crescimento de 165% nos golpes de engenharia social – aqueles em que criminosos induzem o usuário a enviar dados confidenciais ou infectam dispositivos para ter acesso a informações – em comparação com o semestre anterior.

Bulhões acredita que nestes golpes de engenharia social, mais de 90% envolvem meios digitais, como uso de redes sociais ou utilização das mensagens de texto (SMS). “No geral, os modus operandi são muito parecidos em muitas partes do Brasil. São diversos eventos recentes que envolvem crimes digitais e engenharia social que juntas têm um potencial lesivo desastroso”, afirma.

O perfil das vítimas, no entanto, pode variar. Nem sempre são as pessoas com menos familiaridade com o mundo digital que podem cair em golpes de engenharia social. “As vítimas têm algo que está na mira dos criminosos e a partir daquilo passa a ser vitimada por este tipo de abordagem. Clonagem do whatsapp, golpe do empréstimo que vai render uma porcentagem ao mês, promessa de administração de investimentos em criptomoedas, vão atrás de pessoas que têm para fornecer recursos, cair no golpe e gerar recursos financeiros. Os criminosos têm acesso aos dados das vítimas antes mesmo de fazer contato. Isso dá para eles uma posição privilegiada, mesmo com ou sem familiaridade com recursos digitais”, avalia.

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Via AgoraRN